Foco na Mídia

Foco na Mídia

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Mídia insiste no falso apartidarismo e não declara quem apoia nessas eleições.

Passaram dois anos desde a última eleição e, mais uma vez, a mídia não declarou qual é seu candidato para presidente. Perderam outra oportunidade de mostrar transparência e preocupação com o leitor.

A vida é feita de prioridades. Nesse caso, praticamente todos os jornais decidiram manter a credibilidade e optaram por não ajudar os leitores a entender como os atores políticos se posicionam nas eleições.

Um dos poucos meios de comunicação que declarou apoio a um candidato nessas eleições foi a Carta Capital, como de costume. E vai apoiar a Dilma, também como de costume. 

Mas os demais jornais e revistas não fizeram questão de tornar público o apoio que exercem na “vida privada”. Dessa forma não arriscam perder a credibilidade que o termo “apartidário” oferece às suas publicações.

Acontece que muitas pessoas não sabem que cada jornal tem uma preferência política. E, se descobrissem, passariam a duvidar do que o meio de comunicação diz.

Algum petista voltaria a acreditar na Grande Mídia se descobrisse o apoio aos tucanos que ela faz questão de esconder?

E um tucano acreditaria em qualquer publicação de esquerda que visivelmente apoia o PT?

Obviamente eles desconfiariam de tudo que esses jornais publicam, pois, na teoria, os mesmos sempre irão defender o partido que apoiam.

O problema é que os jornais já fazem isso. Eles não precisam da consciência do leitor para apoiar algum candidato.

E é então que surge a “manipulação”, a “enganação” e a “parcialidade” que sempre aparecem vinculados ao nome dos jornais. É importante reconhecer a prática desses conceitos para evitar cair neles.

Pensando nisso, é possível concluir que a declaração de apoio a um candidato é algo positivo para o leitor, pois ele saberia exatamente quem está se comunicando com ele.

É uma postura transparente e um ato de humildade do jornal, uma postura vista com bons olhos pelas pessoas no geral.

Além disso, declarar o apoio político acaba com a confusão de certos leitores, como aqueles que veem claramente uma ilusória aliança entre Globo e PT.

Essa confusão é péssima para a Democracia. O leitor passa a acreditar em mentiras e se sente enganado o tempo inteiro. Acaba ridicularizado pelos colegas mais informados, ´perde interesse na política e se distancia da participação democrática que é direito dele de cidadão!

É algo muito ruim para uma nação tão carente de conhecimentos políticos.

Como eu disse no último post, somente o conhecimento pode acabar com a manipulação que a imprensa exerce em sua comunicação diária. É importante conhecer e entender como a imprensa atua para não acreditar exclusivamente e cegamente no que ela diz. Dessa forma criamos consciência crítica e podemos supor que existe um contexto mais complexo por trás dos fatos expostos pelas notícias.

O problema é que essa mídia se importa mais com sua reputação e audiência do que com o bem da Democracia do país. É algo normal na imprensa corporativa, que funciona como uma empresa qualquer e que sempre buscará o lucro para manter-se viva.

Com esse foco nos interesses, insistem em uma imparcialidade que simplesmente é inalcançável no planeta Terra. E pior: confundem ainda mais o eleitor buscando um apartidarismo artificial que vê a imparcialidade como uma “parcialidade alternada”.

Ou seja, os leitores se confundem quando um jornal busca a imparcialidade publicando informações positivas e negativas sobre todos os candidatos. Isso porque, querendo ou não, ele publica mais notícias positivas ou negativas segundo o candidato.

É nesse contexto que a Folha de S. Paulo denunciou o escândalo do Aeroporto do Aécio Neves e depois esqueceu o tema para começar a dar força aos nomes citados por Paulo Roberto Costa, o delator do último escândalo da revista Veja.

Com essa postura, confundem ainda mais o eleitor cego em suas próprias convicções e perdem uma chance de reverter essa anomalia – que virou regra - da Democracia brasileira. A consequência disso são mais ataques entre candidatos e menos discussão de ideias, pois o leitor normal não busca entender assuntos complexos que dão corpo e foco às discussões políticas.

Acreditando cegamente na mídia, se mantém em um discurso que costuma limitar as notícias políticas no horizonte da corrupção e dos ataques pessoais, sendo que existem muito mais conhecimentos e assuntos do lado de fora da caverna de Platão.

A imprensa mais uma vez perdeu a oportunidade de melhorar o debate político através da transparência e da consideração pela audiência.

Quantas oportunidades pretende perder para dar um passo que vai melhorar o debate político em nosso país?

Nenhum comentário:

Postar um comentário