Passaram dois anos desde a última
eleição e, mais uma vez, a mídia não declarou qual é seu candidato para presidente.
Perderam outra oportunidade de mostrar transparência e preocupação com o
leitor.
A vida é feita de prioridades. Nesse
caso, praticamente todos os jornais decidiram manter a credibilidade e optaram
por não ajudar os leitores a entender como os atores políticos se posicionam
nas eleições.
Um dos poucos meios de
comunicação que declarou apoio a um candidato nessas eleições foi a Carta
Capital, como de costume. E vai apoiar a Dilma, também como de costume.
Mas os demais jornais e revistas
não fizeram questão de tornar público o apoio que exercem na “vida privada”.
Dessa forma não arriscam perder a credibilidade que o termo “apartidário”
oferece às suas publicações.
Acontece que muitas pessoas não
sabem que cada jornal tem uma preferência política. E, se descobrissem,
passariam a duvidar do que o meio de comunicação diz.
Algum petista voltaria a acreditar
na Grande Mídia se descobrisse o apoio aos tucanos que ela faz questão de
esconder?
E um tucano acreditaria em qualquer
publicação de esquerda que visivelmente apoia o PT?
Obviamente eles desconfiariam de
tudo que esses jornais publicam, pois, na teoria, os mesmos sempre irão
defender o partido que apoiam.
O problema é que os jornais já
fazem isso. Eles não precisam da consciência do leitor para apoiar algum
candidato.
E é então que surge a “manipulação”,
a “enganação” e a “parcialidade” que sempre aparecem vinculados ao nome dos
jornais. É importante reconhecer a prática desses conceitos para evitar cair
neles.
Pensando nisso, é possível
concluir que a declaração de apoio a um candidato é algo positivo para o
leitor, pois ele saberia exatamente quem está se comunicando com ele.
É uma postura transparente e um
ato de humildade do jornal, uma postura vista com bons olhos pelas pessoas no
geral.
Além disso, declarar o apoio político
acaba com a confusão de certos leitores, como aqueles que veem claramente uma ilusória
aliança entre Globo e PT.
Essa confusão é péssima para a
Democracia. O leitor passa a acreditar em mentiras e se sente enganado o tempo
inteiro. Acaba ridicularizado pelos colegas mais informados, ´perde interesse
na política e se distancia da participação democrática que é direito dele de cidadão!
É algo muito ruim para uma nação
tão carente de conhecimentos políticos.
Como eu disse no último post, somente
o conhecimento pode acabar com a manipulação que a imprensa exerce em sua
comunicação diária. É importante conhecer e entender como a imprensa atua para
não acreditar exclusivamente e cegamente no que ela diz. Dessa forma criamos
consciência crítica e podemos supor que existe um contexto mais complexo por trás
dos fatos expostos pelas notícias.
O problema é que essa mídia se
importa mais com sua reputação e audiência do que com o bem da Democracia do
país. É algo normal na imprensa corporativa, que funciona como uma empresa
qualquer e que sempre buscará o lucro para manter-se viva.
Com esse foco nos interesses,
insistem em uma imparcialidade que simplesmente é inalcançável no planeta
Terra. E pior: confundem ainda mais o eleitor buscando um apartidarismo
artificial que vê a imparcialidade como uma “parcialidade alternada”.
Ou seja, os leitores se confundem
quando um jornal busca a imparcialidade publicando informações positivas e negativas
sobre todos os candidatos. Isso porque, querendo ou não, ele publica mais
notícias positivas ou negativas segundo o candidato.
É nesse contexto que a Folha de
S. Paulo denunciou o escândalo do Aeroporto do Aécio Neves e depois esqueceu o
tema para começar a dar força aos nomes citados por Paulo Roberto Costa, o
delator do último escândalo da revista Veja.
Com essa postura, confundem ainda
mais o eleitor cego em suas próprias convicções e perdem uma chance de reverter
essa anomalia – que virou regra - da Democracia brasileira. A consequência
disso são mais ataques entre candidatos e menos discussão de ideias, pois o
leitor normal não busca entender assuntos complexos que dão corpo e foco às
discussões políticas.
Acreditando cegamente na mídia,
se mantém em um discurso que costuma limitar as notícias políticas no horizonte
da corrupção e dos ataques pessoais, sendo que existem muito mais conhecimentos
e assuntos do lado de fora da caverna de Platão.
A imprensa mais uma vez perdeu a
oportunidade de melhorar o debate político através da transparência e da
consideração pela audiência.
Quantas oportunidades pretende
perder para dar um passo que vai melhorar o debate político em nosso país?
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