Foco na Mídia

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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Carta aberta a Veja de um jornalista recém-formado

Foto da página "Muda Mais", da campanha de Dilma Rousseff

Caros amigos da revista Veja,

Um dos conhecimentos mais importantes da faculdade de jornalismo é a ética na profissão. No século XXI, Era da Informação, esse aspecto é o que realmente diferencia um cidadão normal de um jornalista.

Hoje, qualquer pessoa pode produzir notícias, reportagens ou editoriais, é só procurar na Internet as características de cada um desses gêneros jornalísticos e levá-los à prática usando como base um fato, tema ou assunto.

O que nos diferencia é a transmissão imparcial e correta das informações, o entendimento das consequências de uma comunicação e a compreensão do papel do jornalista na sociedade.

Tudo que publicamos exerce influência na vida dos cidadãos e na forma que eles veem a realidade. A responsabilidade é tão grande, que o jornalismo é uma ferramenta de poder, o quarto, precisamente, na Democracia.

Assim sendo, esse poder pode ser usado para o esclarecimento do leitor através da formação desinteressada da opinião pública ou pode ser direcionado para a conquista de objetivos particulares.

O jornalismo da revista Veja, como se pode imaginar, atualmente se caracteriza pela busca do segundo objetivo.

Quando um órgão de imprensa mistura informação com opinião, descontextualiza fatos para destacar certas informações em detrimento de outras e publica declarações ou acusações superficiais que são perfeitas para manipular, mas péssimas para esclarecer o leitor; ele dá mais importância aos seus próprios interesses que aos da sociedade no geral.

É uma atitude egoísta e vocês estão nesse caminho.

Essa postura mina a função básica do jornalismo, que é formar a opinião pública para fortalecer a Democracia; e passa a seguir os objetivos do discurso panfletário, que é a busca fanática e incondicional de resultados eleitorais.

Ou seja, a conduta da Veja acaba com o sentido da profissão de jornalista. Quando o jornalismo é usado em campanha eleitoral, desempenha a função de outra área, a do marketing político, deixando o objetivo do quarto poder de lado e consequentemente abdicando nossa função social.

Fico triste, amigos, quando vejo jornalistas “consagrados” de grandes meios de comunicação – que deveriam ser exemplo – assassinando a ética da profissão em nome de uma corporação que não defende nem nossa categoria, pois inclusive os interesses dos jornalistas são contrários às ambições dos poderosos conglomerados de mídia.

Dessa forma trabalhamos sem cobrar horas extras e sem sequer precisar de um diploma para o exercício da profissão. Tudo em nome dos barões da mídia e nada em defesa dos interesses dos jornalistas ou da sociedade, que tem direito de receber informação plural, contrastada, apurada e verdadeira.

Ora, o jornalismo é um trabalho social. Vendemos um "produto", que são basicamente informações e opiniões, mas se escolhemos os interesses particulares em detrimento dos gerais, criamos uma crise de credibilidade no exercício do quarto poder.

Compreender a responsabilidade da profissão e pretender segui-la é, portanto, é chave para o bom exercício do jornalismo.

Sou apenas um jornalista recém-formado e estou longe de ser alguém que dá advertências ou broncas em profissionais que trabalham há mais de vinte anos.

Porém, é frustrante ver como as principais referências do jornalismo abandonam a função essencial da profissão, que é o esclarecimento dos cidadãos, para seguir objetivos egoístas que na prática atuam de forma inversa, limitando a opinião da sociedade à nossa própria forma de ver o mundo.

O que estamos fazendo com nossa profissão, companheiros?

Jornalismo é feito para abrir mentes, não para fechá-las.

É humilhante e extremamente vergonhoso ver a capa da maior revista semanal do Brasil ser distribuída em panfletadas eleitorais.

Esse simples acontecimento acaba com o sonho de muitos aspirantes a jornalistas.

Quase acabou com o meu, pois durante muito tempo fiquei frustrado e decepcionado por ver os rumos de nossa profissão.

Superei essa frustração com doses de esperança e com o fortalecimento de meus valores éticos. Aconselho o mesmo à vocês, companheiros.

Nós, jornalistas, somos seres orgulhosos por natureza, mas não podemos nos sentir superiores a ponto de querer manipular o direito de decisão da sociedade.

Nossa função é esclarecer os cidadãos para que essa decisão seja correta, não influenciar na mesma através de meias-verdades e de enfoques tendenciosos.

Qualquer postura que pretenda um resultado além do esclarecimento do leitor e da formação de opinião de maneira desinteressada não faz parte do jornalismo e é digno de vergonha para os profissionais da área.

Essa decisão atrapalha o bom funcionamento da Democracia e, consequentemente, do país inteiro. Pois a cobertura diária e tendenciosa cria exércitos de cidadãos ignorantes ao invés de ampliar o conhecimento político da população.

Como disse antes, companheiros, nossa profissão envolve uma enorme responsabilidade dentro da sociedade e da própria Democracia.

Se um jovem inexperiente e recém-formado – como eu - sabe disso, vocês, jornalistas com décadas de bagagem e de conhecimento da profissão devem saber.

Ou melhor, deveriam aplicar esse conhecimento, pois de nada serve conhecer a ética se na prática atuamos de forma mesquinha e egoísta.

Enfim, sempre temos tempo de mudar, amigos. É só querer.

Um abraço,

Rafael Bruza 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A estratégia da mídia para derrubar pautas progressistas

Oposição comemora fim do Decreto Presidencial (28/10) / Foto: Jornal GGN

Sempre que surge uma nova medida progressista na agenda política do país, aparece a mídia para dar seus “pitecos” sobre o assunto.

Até esse ponto, sem problemas. É dever do “quarto poder” esclarecer o leitor sobre os acontecimentos políticos de interesse público do país.

Porém, considerando que a mídia brasileira funciona sob um regime de oligopólio econômico e ideológico, onde os grandes meios de comunicação pertencem a poucos conglomerados que têm a mesma ideologia, o cidadão brasileiro forma sua opinião através de um único ponto de vista ou enfoque: o conservador.

Esse panorama midiático encontra oposição na Internet e na mídia progressista, que cada dia cresce mais. Porém, a massiva audiência dos conglomerados de imprensa do Brasil favorece a imposição da visão conservadora na sociedade.

É nesse sentido que o Decreto 8.243, regulador da Política Nacional de Participação Social, encontrou forte oposição na sociedade.

Desde o lançamento do decreto, no dia 23 maio de 2014, a mídia usa uma estratégia padrão para frear o avanço da medida.

No dia 29 de maio, o diário O Estado de S. Paulo publicou um editorial que alertava o cidadão de uma “mudança de regime”, qualificando a medida como uma ação oportunista do Governo Dilma, que “felizmente desistiu da Assembleia Constituinte”.

Antes disso, os grandes jornais que pertencem à Grande Mídia lançaram notícias em que juristas qualificavam o projeto de inconstitucional e “bolivariano”.

O objetivo principal é relacionar o projeto ao bolivarianismo da Venezuela, país que vive uma Democracia com fortes traços ditatoriais desde o governo de Hugo Chávez; o que confirma a fantasiosa teoria oposicionista de que o PT pretende instaurar uma Ditadura Comunista no país.

Através da descontextualização das informações publicadas, a Grande Mídia consegue transmitir o que quer, induzindo o leitor a acreditar num ponto de vista similar ao seu.

Com essa tendência de publicar fatos não contextualizados, a Grande Imprensa ignora, por exemplo, a existência atual de conselhos populares e sua tarefa propositiva. Ou seja, optam por não contar ao leitor que esses conselhos já existem – FHC realizou 21 conferências temáticas que auxiliaram na elaboração de Políticas Públicas – e que sua tarefa é meramente propositiva – os conselhos não impõem uma forma de fazer a política pública, pois somente propõem uma diretriz, que pode ser seguida ou não pelo governante.

Dessa forma, destacam informações que favorecem seu objetivo – derrubar a medida progressista – em detrimento de outras que surgiriam em qualquer cobertura imparcial sobre o assunto.

O uso de “especialistas” é outra técnica de manipulação usada frequentemente em situações desse tipo.

As fontes de informação de notícias da mídia – que, nesse caso, são juristas – sempre dizem aquilo que o jornalista pretende. Dessa forma o jornal opina em notícias supostamente imparciais, induzindo o leitor a acreditar exatamente naquilo que ele quer.

Os juristas, nesse caso, falaram de inconstitucionalidade e de bolivarianismo, expressando a opinião dos meios de comunicação da Grande Mídia.

Nenhuma fonte diz, por exemplo, que o Decreto só regulariza os conselhos para que o Governo entenda melhor as necessidades e as vontades da população.

É verdade que o texto necessita especificidades para garantir que os mesmos não sejam dominados politicamente por movimentos sociais simpáticos ao PT, como o MST, porém, a intenção dos conservadores não é melhorar o projeto, mas sim derrubá-lo diretamente.

As manifestações do ano passado praticamente imploraram mais representatividade e participação no sistema político atual.

Muitos se queixavam do Congresso, alegando que os deputados não representam a sociedade, pois atuam segundo seus próprios interesses.

O curioso é que, quando aparece uma medida que incentiva a participação popular mediante a sugestão de diretrizes para uma Polícia Pública, boa parte da população se mostra contra o projeto, dizendo que ele tira representatividade do Congresso Nacional.

Que sentido tem essa postura?

Quem tem interesse nesse pensamento?

Obviamente não é somente a mídia, pois a sociedade brasileira é conservadora por natureza. Mas o enfoque tendencioso dos grandes maios de comunicação ainda exerce forte influência.

Como o oligopólio controla rádios, televisões, revistas e gigantescos portais na Internet, o cidadão não tem para onde correr: uma hora ou outra ele vai se deparar com o ponto de vista da Grande Imprensa.

Dessa forma a estratégia atinge uma parte significativa da população.

O Senado ainda vai votar sobre o Projeto de Decreto legislativo, que derruba o decreto 8.243 de Dilma.

Porém, a falta de pluralidade e de equilíbrio ideológico na mídia favorece somente quem é dono do poder: os congressistas e os donos dos conglomerados de imprensa, pois a ideologia conservadora mantém a concentração de influência e de renda na sociedade.

O cidadão que tem o direito de receber informação plural e contrastada fica de lado.


Assim como as pautas progressistas, que muitas vezes acabam derrotadas pelo desequilíbrio de forças na Democracia brasileira.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A estratégia petista na Democratização da Mídia





A Democratização da Mídia será uma das grandes batalhas de Dilma nesse novo mandato.

Apesar das atenções estarem atualmente centradas na Reforma Política – que foi relembrada pela candidata reeleita no discurso da vitória -, a reforma no setor de mídia também é necessária e urgente para um melhor funcionamento da Democracia brasileira.

O PT sabe disso e já se mobiliza para cumprir o objetivo de atualizar a legislação e democratizar o setor da imprensa, limitando as práticas oligopolistas e proibindo que políticos sejam donos de meios de comunicação sociais.

Ontem (27/10), Rui Falcão declarou que a medida é prioridade do Governo junto com a Reforma Política. Sendo assim, o PT promete fazer um mandato que mudará o Brasil através da Democracia. O presidente nacional do PT também afirmou que o projeto do ex-ministro das Comunicações de Lula, Franklin Martins, é um bom ponto de partida para a discussão do projeto.

Por outro lado, a Grande Mídia já tem uma posição sobre as duas medidas.

Na primeira, a Reforma Política, os grandes conglomerados têm uma opinião similar à dos tucanos – dizem que é mais positivo começar pelos pontos de consenso entre partidos para depois discutir os contrastes de opinião.

Entretanto, quando o assunto é Democratização da Mídia, a Grande Imprensa é taxativa e se mantém no velho discurso oligopolista que fala em censura e controle social “bolivariano” do quarto poder.

Ou seja, a oposição ao projeto será dura, intolerante e inflexível, como era de se esperar.

A estratégia petista vai começar pela cooptação de mais apoio na área jornalística através de uma maior divisão da publicidade governamental. Ou seja, distribuindo mais publicidade oficial para mais meios de comunicação, o PT terá mais apoio na mídia, o que serve para balancear e contradizer as poderosas opiniões e informações da Grande Imprensa sobre o assunto.

Se os conglomerados apostam em sua influência como formador de opinião para acabar com as intenções de regularizar a mídia – como conseguiu até agora, aliás -, o PT pretende fazer o mesmo, mas buscando espaço para que outras vozes difundam conteúdos jornalísticos que comprovem a necessidade e os benefícios da medida.

Dessa forma, enquanto a Globo reclama de “censura”, os meios de comunicação progressistas vão deixar claro que a verdadeira censura é ter um oligopólio no setor da imprensa que não permite a representatividade de outras culturas, ideologias e pontos de vista.

Enquanto a Veja vai dizer que o Brasil está fazendo um projeto "bolivariano", a imprensa progressista vai deixar claro que França, Estados Unidos e Inglaterra proíbem a existência de oligopólio na imprensa por entender que esse modelo limita a concorrência, a inovação e a própria Democracia.

Assim sendo, o PT vai incentivar meios de comunicação cuja ideologia e pontos de vista entram em equilíbrio com os limitados argumentos da Grande Imprensa. 

Como necessita um amplo amparo popular, deve oferecer as informações necessárias para que os cidadãos entendam e difundam os pontos positivos da democratização da mídia.

Enfim, sem a massiva difusão do contraponto à Grande Imprensa, não é possível promover uma regularização que acabe com o oligopólio econômico do setor.

Se depender do Legislativo, a medida nunca acontecerá, pois muitos congressistas e senadores são donos de meios de comunicação. 

Como não costumam jogar contra si mesmos, vão se opor radicalmente a qualquer tentativa de regularização da mídia, assim como a Grande Imprensa.

Portanto, a proposta só sairá do papel através da mobilização popular.

Já existem movimentos sociais que promovem o debate sobre a Democratização da Mídia.

A plataforma “Para Expressar Liberdade” ou o Centro de Estudos "Barão de Itararé" estão nessa luta há anos, mas ainda não ganharam a batalha contra os interesses mercantis dos atores políticos nacionais.

Necessitam o apoio massivo da sociedade para levar a proposta adiante.

A polarização política que resultou das eleições do domingo (26/10) será um problema para convencer aecistas da necessidade de democratizar a mídia.

Esse debate, entretanto, é necessário. Assim sendo, é aconselhável debater com argumentos sólidos, serenidade e respeito, sempre buscando esclarecer ao invés de impor um ponto de vista.

O PT já evitou o tema no primeiro mandato de Dilma e quase pagou um preço caro nessas eleições.


Portanto, a hora é agora de apoiar e democratizar a mídia brasileira.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Conservadorismo e a polarização eleitoral na sociedade e na mídia.



A reeleição de Dilma Rousseff depois de uma das campanhas mais polarizadas, equilibradas e radicalizadas da história do Brasil foi a salvação da esquerda, que quase viveu uma derrota abismal nas eleições de 2014.

Dizem que depois de manifestações massivas como as do ano passado, a tendência é o surgimento de uma onda conservadora na sociedade.

Tal explicação encontra razão nas causas que originam alguns valores direitistas: a insegurança em si mesmo e a fobia social levam o indivíduo a abominar “estrangeiros” – que para o brasileiro de classe média são os pobres de outras regiões do Brasil – e outras ideologias, como a progressista.

A insegurança gera medo de mudar, enquanto a fobia social cria o ódio de quem pensa diferente.

Curiosamente, esse panorama encaixa com perfeição no cenário eleitoral desse ano.

Muitos entre os derrotados de ontem ainda vociferam críticas e palavras raivosas a nordestinos e petistas, padrão que comprova o fortalecimento dos valores conservadores na sociedade brasileira.

Acontece que o Brasil sempre foi um país em que esses valores dominaram.

A abominação por pautas progressistas existe desde antes de João Goulart e é prova de que o brasileiro sempre pede mudança, mas teme e se opõe justamente às medidas que promovem transformação social, econômica e política.

Aqui, o legal é mudar sem esforço e avançar sem sacrifício. Por isso muita gente acredita que eleger um ou outro candidato já é suficiente para a realização de mudanças estruturais no país.

Esse temor aparece explicitamente nas alucinadas denúncias do “Golpe Comunista em curso”: o discurso do medo convence quem teme. E Aécio soube aproveitar muito bem essa vontade e temor à mudança. Quase venceu essas eleições com apoio de uma mídia que pouco a pouco vai perdendo a máscara do apartidarismo.

A sórdida campanha da revista Veja – que adiantou a publicação de sua edição na semana passada – e os gritos de “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” durante o discurso de Dilma foram essenciais para derrubar a máscara da Grande Imprensa.

A Internet é rápida, e hoje só não vê o partidarismo político da mídia quem não quer.

Aliás, a opção de ignorar certos fatos generalistas em detrimento de outros limitados e pessoais é mais um detalhe das eleições de 2014.

Enquanto muitos jovens se politizam, diversos cidadãos “maduros” esquecem o estudo e a busca por uma maior compreensão política para acreditar em conceitos subjetivos derivados imediatamente em intolerância ideológica e anti-democrática.

Essa perspectiva individualista e extremamente partidária cega os cidadãos, que literalmente ignoram informações esclarecedoras para dar importância exclusiva ao que dizem certas pessoas, partidos ou meios de comunicação de sua confiança.

Dessa forma são formados verdadeiros exércitos partidaristas que também são responsáveis por disseminar intolerância com a ideologia alheia. 

Essa incapacidade de enxergar os problemas de um dos partidos polarizantes é tudo que a mídia e os políticos necessitam para obter seus interesses particulares sem uma resistência geral da população.

Ou seja, quando só o eleitorado rival questiona a postura de um partido, é fácil ignorar a reclamação e supor que a oposição atua por interesse próprio - quando a própria militância questiona e exige uma certa postura, por outro lado, é complicado dizer não, pois a situação condiciona os resultados eleitorais desse partido.

A oposição ganha uma importância extra, pois é a única que realmente pode revelar os problemas do adversário. 

E, assim sendo, a sociedade brasileira tem um problema, pois a formação da opinião pública do país se concentra nas mãos de cinco famílias que controlam os grandes conglomerados de imprensa do país.

Nesse caso há polarização, mas não equilíbrio.

Existe o contraponto, difundido na imprensa progressista, que tem um espaço fixo e crescente na Internet.

Porém, as diferenças de audiência e de lucro são tão absurdas que a formação da opinião pública se desvirtua em uma guerra informativa e ideológica que favorece desproporcionalmente o lado conservador.

É por esse desequilíbrio que a maioria das pessoas só vê corrupção no PT.

A polarização chegou ao seu nível máximo, e foi favorecida pelo excesso de parcialidade da mídia.

De ambas as mídias.

Para equilibrar essa situação seria necessário limitar o oligopólio midiático através da regularização econômica do quarto poder.

Somente essa medida pode equilibrar a representatividade de ideologias na mídia e na formação da opinião pública brasileira.

Mas obviamente essa ideia encontrará muita oposição no lado conservador da polarização.

O PT irá conviver com um conservadorismo raivoso e cheio de rancor durante os próximos quatro anos.

Para conseguir uma melhora e um avanço das pautas progressistas, necessitará coragem e o apoio dos movimentos sociais.

Deverá sacrificar ganhos políticos para mudar o país de verdade sem temer represálias dos conservadores. Nesse sentido, o Prefeito de São Paulo Fernando Haddad aparece como um ótimo exemplo.

Haddad nunca se importou muito com sua reeleição ou com seu índice de aprovação.

Faz o que acredita ser correto e defende sua posição com fé e vontade.

Se o PT temer perdas políticas no âmbito Federal, não promoverá nenhuma mudança estrutural no país.

E nesse caso a sociedade continuará sujeita ao crescimento instantâneo dos valores conservadores.

Dilma deve, portanto, aproveitar o momento de euforia política e de máximo apoio de sua militância para levar adiante projetos ousados como a Democratização da Mídia ou a Reforma Política.

Somente essas reformas profundas podem realmente transformar o país.


E o PT deve se esforçar ao máximo para cumprir esse objetivo, caso contrário sairá do poder em 2018 sem ter conseguido absolutamente nada duradouro para a sociedade brasileira.

domingo, 26 de outubro de 2014

Democratização da Mídia, passo importante para o Governo Dilma

Foto: Rafael Stedile

A esquerda quase viveu a maior derrota do século XXI nas eleições desse ano.

O conservadorismo do Congresso recém-eleito cria um cenário que evita o avanço de políticas progressistas, mas a vontade de mudança da população é real e deve ser traduzida em mais Democracia e mais progresso para não cair na mesmisse dos últimos quatro anos.

O discurso da vitória de Dilma Rousseff deixou claro que a Reforma Política é necessária. Porem, outras medidas também são essenciais para uma melhora da Democracia e do conhecimento político da sociedade.

É então que aparecem os gritos de “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo” no público que escutava o discurso da vitória da presidenta reeleita.

A sociedade demanda avanço, mas o conservadorismo dos meios de comunicação chega diariamente às mentes dos cidadãos e funciona como uma gaiola, pois os conglomerados de imprensa tem uma postura natural de formar a opinião da sociedade através de similares valores, interesses e ideologias.

Com isso, temos uma população que exige avanço sendo informada em grande medida por jornalistas conservadores que evitam esse progresso à toda custa.

A esquerda sempre teve o costume de “assustar” os donos da mídia com medidas ousadas.

Esse panorama explica o desespero dos grandes jornais nessa reta final de eleição. A situação não irá mudar naturalmente.

É por isso que o avanço terá que ser “Imposto” pela própria sociedade. E um dos caminhos que conduz ao avanço é a regularização do setor da mídia, poder fundamental de qualquer Democracia do planeta.

O oligopólio midiático promove um discurso ditatorial e muitos políticos ainda são donos de meios de comunicação.

Essa característica da mídia brasileira troca o avanço democrático do país por interesses privados dirigidos à busca por lucro e influência.

A Constituição Federal proíbe a prática de oligopólio em seu artigo 220, parágrafo 5, mas a influência dos donos dos conglomerados é tão grande que conseguem contradizer a própria Carta Magna da República Federativa do Brasil sem sofrer nenhum tipo de represália.

Por outro lado, diversos políticos são favorecidos e eleitos constantemente graças às coberturas informativas de seus próprios jornais, revistas, rádios e televisões em um círculo vicioso que engana o povo com o quarto poder, justamente aquele que deveria esclarecer e evitar o abuso em um Estado de Direito.

Assim sendo, a Regularização Econômica da Mídia, medida defendida por Dilma durante a campanha, e a proibição do controle de meios de comunicação por parte de pessoas que exercem cargos políticos são medidas extremamente necessárias para o avanço democrático, político e social do país.

Uma lei que limite o tamanho dos conglomerados de imprensa dará espaço a outras vozes e outras ideologias que hoje ficam em segundo plano simplesmente por não ter condições econômicas e políticas de competir com gigantescos conglomerados.

Com isso, o sistema favorece quem tem poder, enquanto exclui quem se opõe de alguma forma. Esse panorama de desigualdade influi muito na percepção que as pessoas têm da realidade.

A Internet obviamente quebrou a hegemonia da Grande Imprensa em certa medida, mas a campanha eleitoral ferrenha e partidarista dos grandes meios de comunicação do país é prova de que o Brasil precisa democratizar sua mídia para melhorar a representatividade da população.

Caso contrário continuará pagando o preço de ter grande parte da opinião pública controlada por cinco famílias.

E esse preço é alto, como o PT sentiu na pele nos últimos anos - e especialmente nos últimos dias, com Veja, Globo e Estadão atuando no "tudo ou nada".

O PT ganhou e promete cumprir com as expectativas de mudança da população. No entanto, uma sociedade informada pelo discurso único nem sabe direito o que pretende, pois confunde seus próprios interesses com os que a imprensa aponta.

Um equilíbrio de ideologia e de representatividade nos meios de comunicação solucionaria essa situação problemática.

Mas somente uma medida ousada pode realmente quebrar esse panorama consolidado durante a história do Brasil.

O país exige avanço e o mesmo deve ser encontrado através de mais Democracia e da busca por mais representatividade.

Mas para isso é extremamente necessário encarar temas “cabeludos” na área da comunicação, pois o panorama atual protege a si mesmo e provém diretamente da Ditadura, período que criou grande parte dos problemas sociais, políticos e econômicos do Brasil.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

As técnicas de manipulação da última capa da Veja

Capa da revista Veja divulgada ontem (23/10)

A estratégia da Grande Imprensa para repercutir acusações dignas de mesa de bar é conhecida.

A Veja publica uma “denúncia” - baseada no disse-que-me-disse e os diversos jornais da Grande Imprensa dão eco às informações usando como fonte... a própria Veja.

Até esse ponto não há grandes problemas, pois alguns casos reais de corrupção podem e já foram desvendados nesse sistema.

Mas a falta de ética com o jornalismo é uma realidade da revista e as intenções partidárias da mesma é latente há muito tempo.

A manipulação é algo quase natural na comunicação midiática, pois o fator humano normalmente limita a capacidade de neutralizar as informações a ponto de atingir a tão sonhada objetividade total.

Assim sendo, a mídia no geral mostra a realidade como um espelho quebrado: a imagem é similar, mas não passa de uma réplica, uma apresentação artificial da realidade, que pode ou não corresponder com os fatos reais. Dependendo da qualidade e das intenções do jornalista, o espelho estará mais ou menos quebrado.

Sendo assim, é possível atingir a neutralidade total através do esforço e da pura vontade de informar sem pretender induzir o leitor a acreditar em algo.

Mas a revista Veja perdeu essa intenção há muito tempo.

A manipulação hoje é algo normal nas revistas semanais do Brasil – publicações como Época, Carta Capital e a própria Veja apresentam um alto grau de partidarismo, que de uma forma ou de outra induz o leitor a acreditar no ponto de vista da publicação.

Às vezes essa manipulação acontece involuntariamente, devido à falta de experiência ou de entendimento dos efeitos da comunicação realizada – que é o caso, por exemplo, da Sheherazade e o menino do poste, pois a jornalista não entende até hoje como suas palavras possam ter incentivado a violência.

Porém, o que a Veja fez na capa publicada ontem (23/10) superou o partidarismo e chegou ao nível de manipulação descarada e especialmente dirigida à induzir o leitor a acreditar em um determinado ponto de vista através de técnicas jornalísticas que fogem absolutamente da mínima isenção exigida aos meios de comunicação.

A capa, que induz o leitor a acreditar que “Lula e Dilma sabiam de tudo”, oculta fatos, distorce a realidade através da seleção descontextualizada de informações, dá extrema relevância a versões não confirmadas, destaca a opinião frente à informação e privilegia a apresentação estética dos fatos, deixando o conteúdo em segundo plano.

Os resultados dessas técnicas de manipulação são desastrosos na mente de quem concede à Veja um mínimo de credibilidade.

A forma básica de manipulação da revista, que é a mistura entre informação e opinião, naturalmente induz o leitor a acreditar nos juízos de valor dos jornalistas da Editora Abril.

Ou seja, quando a revista mistura a opinião dos jornalistas com os fatos objetivos da realidade, os leitores se confundem e incorporam a visão do mundo, a ideologia e a versão dos profissionais da comunicação ao seu próprio entendimento da realidade. Com isso, os leitores viram meros bonecos nas mãos dos jornalistas, pois os juízos de valor da revista ganha mais importância que a realidade.

A revista semanal também utiliza outras técnicas de manipulação para fazer os leitores acreditarem no que ela quer – e ela sempre espera que as pessoas vejam o mundo com seu tradicional ponto de vista neoconservador que se opõe a qualquer referência progressista.

A descontextualização dos fatos é uma técnica básica para qualquer tipo de manipulação.

Quando a Veja apresenta certos detalhes dos fatos sem mostrar o contexto geral, que inclui, por exemplo, o suposto envolvimento não confirmado de tucanos – como Sergio Guerra – no escândalo de corrupção que foi batizado de Petrolão, o leitor acredita equivocadamente que somente o PT e outros partidos participaram das práticas corruptas da Petrobrás, visão que não corresponde com a realidade.

Dessa forma os leitores são literalmente enganados; levados a acreditar em um ponto de vista que corresponde somente com os interesses mesquinhos e egoístas de uma das maiores revistas da América Latina.

E tem mais.

Quando a revista dá extrema relevância a fatos não confirmados – como a acusação de que Lula e Dilma “sabiam de tudo” -, o leitor que acredita nessas palavras macabras é induzido a incorporar mentiras ou versões fantasiosas da realidade.

Com isso, o que ele recebe é discurso panfletário que distorce sua opinião; nada diferente do que aparece nos mentirosos e parciais horários eleitorais gratuitos. E essa apresentação dos fatos não é jornalismo, mas sim pura descontrução de imagem, algo feito por políticos para afetar adversários. 

Para completar, na falta de conteúdo fundamentado que prove as acusações publicadas, a revista Veja dá destaque à apresentação estética das informações colocando uma capa extremamente subjetiva e emocional que motiva o leitor a esquecer a razão e o bom-senso para simplesmente acreditar cegamente no que os jornalistas querem.

Em outras palavras, ao apresentar as informações com uma chamada na capa em que Lula e Dilma aparecem com cara feia em um cenário negro e sombrio, a Veja minimiza o conteúdo – que não passa de uma acusação simples e não confirmada - e consegue a confiança do leitor através da emoção pura.

Dessa forma, os jornalistas da Editora Abril conseguem formar uma seita, uma legião de leitores raivosos que não pensam, só reproduzem as palavras rancorosas e mal-intencionadas da revista.

A manipulação se completa quando a verdade aparece e é apresentada timidamente pelos principais meios de comunicação do país.

Nessa altura o estrago já está feito e poucos têm interesse em revertê-lo.

Acontece que, para esses meios de comunicação, a verdade não cria os efeitos políticos da mentira. E, como uma mentira dita muitas vezes vira verdade, principalmente quando a primeira ganha mais destaque e atenção que a segunda, a realidade fica em segundo plano e o que aparece é uma visão distorcida e manipuladora.

É por essas e outras que a revista Veja hoje representa o fim da ética no jornalismo

Não há vontade de melhorar o debate democrático.

Não há nenhuma intenção de esclarecer o leitor.

Não há nada positivo.

Esse esclarecimento dos cidadãos limita a capacidade de manipulação da revista Veja.

E sem essa manipulação, sem mentiras e sem técnicas jornalísticas de lavagem cerebral, a revista não pode realizar seu trabalho informativo-emocional-irracional de uma forma que induza o leitor a fazer exatamente aquilo que ela quer.

Sem dúvida a revista ultrapassou todos os limites com essa capa que demonstra claramente suas verdadeiras intenções.

A revista quer Aécio no poder, e, no desespero causado pelos maus resultados das pesquisas, aceitou usar diversas técnicas de manipulação para favorecer a candidatura do tucano. Iria até o inferno se fosse preciso.

O chilique da revista é tão desesperado, que logo depois da publicação da capa na Internet, Reinaldo Azevedo gravou um vídeo para a JovemPan dizendo que a capa da Veja é motivo suficiente para realizar um Impeachment na Dilma, caso ela seja reeleita.

Dilma, por outro lado, denunciou às más-intenções da Revista Veja em um vídeo gravado hoje e afirmou: “darei minha resposta à eles na Justiça”.

Com a Internet, pouco a pouco a revista vai perder credibilidade, pois a mentira tem perna curta na rede.

E para os cidadãos esclarecidos, é melhor ter dó que raiva dessas pessoas. A dó provém da compaixão e permite o esclarecimento daqueles que ainda dão credibilidade a uma revista extremamente anti-ética. Enquanto a raiva só faz mal a quem a sente e atrapalha o trabalho de reeducação dos cidadãos manipulados.

Os neoconservadores da Editora Abril merecem ser denunciados, desmascarados, punidos e posteriormente deixados de lado por todos, pois o que fizeram agora não é digno de compreensão, nem de aceitação.

É puro terrorismo midiático e deve ser desmascarado para não fazer mais estrago do que já fez durante toda sua existência.