Foco na Mídia

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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A corrupção usada como arma política na Imprensa

O cidadão brasileiro, no geral, tem uma profunda aversão pelas práticas corruptas.

O limitado conhecimento político geral do povo, a ineficiência do Estado em oferecer serviços públicos e as altas taxas de impostos motivam as pessoas a dar especial atenção à corrupção quando o assunto é Política nacional.

Por isso muitos ataques pessoais têm resultados políticos mais eficientes que explicações econômicas complexas.

O cidadão não entende como um país pode ter serviços públicos tão precários enquanto paga altas taxas tributárias. Precisa de uma explicação para entender essa situação.

E a corrupção aparece para levar toda culpa, sendo que a má administração e a falta de planejamento e de previsão também costumam criar muitos gastos a mais na administração pública.

Independente desses fatores, existe um sentimento de repugnância em relação ao político que se relaciona com uso indevido do dinheiro público.

E como no capitalismo uns choram e outros vendem lenços de papel, políticos e jornais usam esse sentimento do povo como arma política para afetar adversários.

Dando mais atenção à corrupção de um partido ou político específico, a “imparcial” imprensa, que conta com a confiança da sociedade, induz as pessoas a acreditarem que uns políticos são menos ou mais corruptos que outros.

Fazem isso de acordo com suas próprias convicções políticas, dando uma ajuda aos partidos que apoiam e incomodando os que se opõem.

Assim sendo, quem só lê os jornais da Grande Imprensa – O Globo, Folha de S. Paulo, Estadão e Veja, por exemplo -, no geral acredita que o Partido dos Trabalhadores é o partido mais corrupto do Brasil.

Por outro lado, quem só lê publicações da Imprensa Alternativa – Carta Capital, Caros Amigos, Brasil 247 e Revista Fórum, por exemplo – provavelmente enxerga mais corrupção no partido tucano.

É uma consequência da credibilidade, do enfoque parcial e da imposição de uma agenda informativa pelo lado neoliberal.

Como os conservadores possuem os jornais de maior audiência no Brasil, a formação da agenda informativa, que define qual tema é atual, é praticamente neoliberal.

Por isso a maioria das pessoas tem a tendência de achar que o PT é o partido mais corrupto do Brasil. Eles não encontraram nenhum grande jornal que afirme o contrário.

Consequentemente, o discurso anti-petista costuma ser uma variante do que diz a Grande Imprensa, que também exerce oposição ao PT, apesar de pontualmente publicar informações desfavoráveis aos tucanos.

Inflação, dinheiro em Cuba “mal explicado”, corrupção... O discurso contra o PT sai nas capas dos grandes jornais diariamente e os cidadãos o adaptam aos seus gostos, opiniões, valores, etc.

Os jornais da Grande Imprensa mantêm em voga certos temas “cabeludos” para os progressistas enquanto colocam na geladeira assuntos negativos para o PSDB.

Essa “estratégia” é visível, por exemplo, na cobertura dos dois Mensalões – o petista e o tucano. O primeiro ganhou um espaço especial na versão digital da Folha de S. Paulo e rendeu matérias longuíssimas em praticamente todos os grandes jornais do país.

O segundo não mereceu mais do que notícias soltas e um ou outro destaque momentâneo. Consequentemente, a população critica muito mais o escândalo petista que o tucano.

A velocidade da Era Digital cria amnésia nae exige que um tema seja tratado diversas vezes para ser considerado dentro da opinião pública. Os meios de comunicação fazem isso para dar mais eco a um ou outro escândalo de corrupção.

Dessa forma a sociedade tende a perceber muito mais o Mensalão petista que o mineiro – nome usado pela imprensa para designar o escândalo dos tucanos.

Claro que os meios de comunicação progressistas também atuam de forma similar, mas do outro lado. Ainda mais em época de eleições. 

A diferença de audiência implica um outro nível de influência dos progressistas na sociedade. Mas as práticas se repetem em menor escala.

É questão de ideologia e de enfoque.

Não é possível pedir que os jornais apresentem os fatos de uma forma diferente, pois, além de ser a visão do mundo deles, os mesmos mantém a linha da veracidade e não costumam afetar os direitos de terceiros.

Qualquer reclamação nesse sentido teria o efeito inverso, pois é mais grave criticar e cercear a publicação de um jornal que se defender de alguma forma.

Porém, é necessário alertar os cidadãos de que a imprensa é partidária. Ela é um verdadeiro ator político – basta lembrar que esses mesmos grandes jornais ajudaram a acabar com a Democracia na metade do século passado; eles têm um poder de influência enorme na sociedade.

Por isso é desleal declarar um apartidarismo que não existe. O Grupo Globo é um dos conglomerados mais neoliberais do Brasil, mas a Seção I, letra “i” de seus Princípios Editoriais diz claramente que é “apartidário”.

Ora, enganam o leitor descaradamente!

A chegada da Internet quebrou um pouco esse modelo. Pois a imprensa alternativa realiza o contraponto informativo que, além de desmascarar o partidarismo da Grande Imprensa, também oferece outros pontos de vista dos fatos.

Porém, a balança da informação tem muito mais peso no lado conservador. A desconcentração de audiência no Brasil só acontecerá a longo-prazo se forem realizadas algumas medidas econômicas que regularize o estabelecido na Constituição e limitem o oligopólio existente nos meios de comunicação.


Até lá a Grande Imprensa vai ditar quais temas merecem atenção e quais devem ser rapidamente esquecidos para favorecer certos projetos políticos que compactuam com seus interesses.

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