A agenda midiática mudou completamente desde semana passada e agora ajuda a candidatura de Dilma Rousseff.
O envolvimento de tucanos no escândalo da Petrobrás, o agravamento da crise hídrica de
São Paulo e uma entrevista do jovem Aécio, feita em 1977 nos Estados Unidos,
supõem um aumento de armas políticas do PT e uma diminuição das ofensivas tucanas.
Com isso, Dilma tem um
cenário favorável para sua reeleição no domingo, situação que se confirma com a
pesquisa Datafolha de anteontem (20/10) - nela, a petista está quatro pontos na
frente de Aécio, 52% contra 48%, em um cenário de empate técnico pela margem de erro.
A aparição do nome de Sérgio
Guerra - ex-presidente do PSDB falecido em março - entre as delações de Paulo
Roberto Costa e as acusações - não comprovadas - do auxiliar do doleiro Alberto Youssef de que existem outros tucanos envolvidos no pagamento de propinas do esquema limitaram o uso político que o PSDB pode fazer do caso de corrupção da estatal.
Por isso, com exceção da Folha, que colocou o envolvimento de Sergio Guerra em sua manchete principal da sexta-feira (17/10), os jornais da
Grande Imprensa evitaram colocar o assunto nas capas, pois o caso já foi explorado ao máximo pelos tucanos.
Mas pelo PT não. E o partido ainda vai usar o tema para se defender.
A estratégia do partido é provar que a corrupção não é exclusividade dos petistas. Portanto, as notícias que mostram tucanos envolvidos no escândalo da Petrobrás são um presente para quem argumenta a favor de Dilma.
Outra questão que favorece Dilma é a falta de água
em São Paulo, que agora sim é um “baque” para a campanha tucana.
O agravamento da crise e a
real exposição da seriedade do caso nos principais jornais do país, que começaram
a tratar o tema com mais profundidade depois da reeleição de Alckimin, mostraram ao
público que o problema é mais sério do que parecia.
A Sabesp já tem prejuízos de mais de 1 bilhão por causa do bônus oferecido a quem economiza e, mesmo com a permissão da
Agência Nacional de Águas para usar o segundo volume morto, o fim do estoque pode acontecer em novembro, dependendo dos resultados dessa nova medida preventiva – se não fosse a utilização do primeiro volume morto, o Sistema Cantareira
estaria com uma capacidade negativa em 14%, mas hoje a disposição de água do
sistema está na casa de 3% de sua capacidade.
Essa situação de crise já foi - e
continua sendo - usada por Dilma Rousseff em sua campanha e, pelo visto, a crise
em São Paulo está afetando a campanha de Aécio.
O PT e a imprensa progressista
enfatizam o problema dizendo que esse é o “modo tucano de governar”, o que atinge o
candidato à Presidência e seu tradicional modelo neoliberal de gerir o Estado.
Assim sendo, o agravamento da crise da água abriu um campo de ataque com profundos potenciais políticos, pois o recurso em falta no caso é básico para a vida de
qualquer ser humano na Terra.
Quando uma pessoa
não recebe o fornecimento de um recurso básico para a vida, tende a se indignar. Com esse sentimento, o cidadão exige um culpado. E como São Pedro
não é uma pessoa física, a culpa no geral recai em Alckimin – apesar dos
tucanos fanáticos continuarem isentando o Governador.
Ou seja, o PSDB cedo ou tarde vai
sentir os efeitos políticos da séria crise que afeta São Paulo.
E para o PT é melhor que eles sintam esses efeitos agora.
Para complementar o azar dos
tucanos, o jornalista Paulo Moreira Leite encontrou uma polêmica entrevista
de Aécio Neves concedida em 1977 a um pequeno jornal norte-americano. O candidato
tinha 17 anos na época e visitava uns amigos que faziam intercâmbio.
Nas declarações publicadas,
Aécio afirma que “todos no Rio têm uma ou duas empregadas, uma para cozinhar e
outra para limpar”.
Também declarou: “nunca fiz
minha própria cama”; além de dizer que “a maioria das mulheres (do Brasil) não trabalha
porque financeiramente não precisam, [...], então passam a maior parte do tempo
na praia ou passeando em diferentes shoppings”.
Essas palavras provavelmente
não ganharão repercussão na Grande Mídia, mas na Internet e no Facebook, onde a
campanha corre solta, as palavras de Aécio são avassaladoras para sua
candidatura, pois comprovam uma das teorias que os petistas usam para desconstruir
sua imagem: a de que Aécio é um “menino mimado” que não entende o mundo.
Como dar a presidência a uma pessoa que nunca passou dificuldade na vida? É essa pergunta que o PT pretende destacar para evitar a ascensão do tucano.
Enfim, analisando o panorama
geral em que a corrupção da Petrobrás não tem a força política de antes, a
crise da água começa a aparecer de verdade e Dilma ultrapassa Aécio nas
pesquisas enfatizando os problemas pessoais do ex-governador de Minas Gerais, o jogo está a favor do PT nessa reta final - a não ser que aconteça algo que mude completamente a situação.
Nada está decidido, pois
ainda falta o debate da Rede Globo da próxima sexta-feira (24/10), que pode ser chave
para a decisão dos eleitores indecisos.
Mas Aécio foi parcialmente desarmado enquanto Dilma recebeu um pacote novinho de material bélico/político para atacar o
tucano. E essa mudança no cenário terá um importante peso no final da guerra do segundo
turno.
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