Foco na Mídia

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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Cenário midiático favorece Dilma e atrapalha Aécio na reta final


A agenda midiática mudou completamente desde semana passada e agora ajuda a candidatura de Dilma Rousseff.

O envolvimento de tucanos no escândalo da Petrobrás, o agravamento da crise hídrica de São Paulo e uma entrevista do jovem Aécio, feita em 1977 nos Estados Unidos, supõem um aumento de armas políticas do PT e uma diminuição das ofensivas tucanas.

Com isso, Dilma tem um cenário favorável para sua reeleição no domingo, situação que se confirma com a pesquisa Datafolha de anteontem (20/10) - nela, a petista está quatro pontos na frente de Aécio, 52% contra 48%, em um cenário de empate técnico pela margem de erro.

A aparição do nome de Sérgio Guerra - ex-presidente do PSDB falecido em março - entre as delações de Paulo Roberto Costa e as acusações - não comprovadas - do auxiliar do doleiro Alberto Youssef de que existem outros tucanos envolvidos no pagamento de propinas do esquema limitaram o uso político que o PSDB pode fazer do caso de corrupção da estatal.

Por isso, com exceção da Folha, que colocou o envolvimento de Sergio Guerra em sua manchete principal da sexta-feira (17/10), os jornais da Grande Imprensa evitaram colocar o assunto nas capas, pois o caso já foi explorado ao máximo pelos tucanos.

Mas pelo PT não. E o partido ainda vai usar o tema para se defender.

A estratégia do partido é provar que a corrupção não é exclusividade dos petistas. Portanto, as notícias que mostram tucanos envolvidos no escândalo da Petrobrás são um presente para quem argumenta a favor de Dilma.

Outra questão que favorece Dilma é a falta de água em São Paulo, que agora sim é um “baque” para a campanha tucana.

O agravamento da crise e a real exposição da seriedade do caso nos principais jornais do país, que começaram a tratar o tema com mais profundidade depois da reeleição de Alckimin, mostraram ao público que o problema é mais sério do que parecia.

A Sabesp já tem prejuízos de mais de 1 bilhão por causa do bônus oferecido a quem economiza e, mesmo com a permissão da Agência Nacional de Águas para usar o segundo volume morto, o fim do estoque pode acontecer em novembro, dependendo dos resultados dessa nova medida preventiva – se não fosse a utilização do primeiro volume morto, o Sistema Cantareira estaria com uma capacidade negativa em 14%, mas hoje a disposição de água do sistema está na casa de 3% de sua capacidade.

Essa situação de crise já foi - e continua sendo - usada por Dilma Rousseff em sua campanha e, pelo visto, a crise em São Paulo está afetando a campanha de Aécio.

O PT e a imprensa progressista enfatizam o problema dizendo que esse é o “modo tucano de governar”, o que atinge o candidato à Presidência e seu tradicional modelo neoliberal de gerir o Estado.

Assim sendo, o agravamento da crise da água abriu um campo de ataque com profundos potenciais políticos, pois o recurso em falta no caso é básico para a vida de qualquer ser humano na Terra.

Quando uma pessoa não recebe o fornecimento de um recurso básico para a vida, tende a se indignar. Com esse sentimento, o cidadão exige um culpado. E como São Pedro não é uma pessoa física, a culpa no geral recai em Alckimin – apesar dos tucanos fanáticos continuarem isentando o Governador.

Ou seja, o PSDB cedo ou tarde vai sentir os efeitos políticos da séria crise que afeta São Paulo. 

E para o PT é melhor que eles sintam esses efeitos agora.

Para complementar o azar dos tucanos, o jornalista Paulo Moreira Leite encontrou uma polêmica entrevista de Aécio Neves concedida em 1977 a um pequeno jornal norte-americano. O candidato tinha 17 anos na época e visitava uns amigos que faziam intercâmbio.

Nas declarações publicadas, Aécio afirma que “todos no Rio têm uma ou duas empregadas, uma para cozinhar e outra para limpar”.

Também declarou: “nunca fiz minha própria cama”; além de dizer que “a maioria das mulheres (do Brasil) não trabalha porque financeiramente não precisam, [...], então passam a maior parte do tempo na praia ou passeando em diferentes shoppings”.

Essas palavras provavelmente não ganharão repercussão na Grande Mídia, mas na Internet e no Facebook, onde a campanha corre solta, as palavras de Aécio são avassaladoras para sua candidatura, pois comprovam uma das teorias que os petistas usam para desconstruir sua imagem: a de que Aécio é um “menino mimado” que não entende o mundo.

Como dar a presidência a uma pessoa que nunca passou dificuldade na vida? É essa pergunta que o PT pretende destacar para evitar a ascensão do tucano.

Enfim, analisando o panorama geral em que a corrupção da Petrobrás não tem a força política de antes, a crise da água começa a aparecer de verdade e Dilma ultrapassa Aécio nas pesquisas enfatizando os problemas pessoais do ex-governador de Minas Gerais, o jogo está a favor do PT nessa reta final - a não ser que aconteça algo que mude completamente a situação.

Nada está decidido, pois ainda falta o debate da Rede Globo da próxima sexta-feira (24/10), que pode ser chave para a decisão dos eleitores indecisos.


Mas Aécio foi parcialmente desarmado enquanto Dilma recebeu um pacote novinho de material bélico/político para atacar o tucano. E essa mudança no cenário terá um importante peso no final da guerra do segundo turno.

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