Foco na Mídia

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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Os Correios usados na campanha eleitoral: a importância da informação plural

Primeiras páginas dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo de ontem (02/10)

As capas do Estadão e d’O Globo de ontem (02/10) falam sobre as acusações da oposição sobre o suposto uso eleitoral dos Correios na campanha de Dilma Rousseff.

Surgiram de um vídeo conseguido pelo Estadão em que o deputado petista Durval Ângelo diz que os funcionários dos Correios ajudaram a melhorar os resultados de Dilma nas pesquisas de Minas Gerais.

Durval atribuiu a melhora de Dilma ao “dedo forte do PT nos Correios”, afirmação que poderia supor o uso de uma instituição pública na campanha de Dilma; um crime, segundo a legislação eleitoral.

Em nota publicada pela Globo, os Correios disseram que os funcionários fizeram campanha fora do expediente e acusaram o jornal de distorção de informação.

Considerando a possibilidade real de aparelhamento da maquinaria pública, o caso sem dúvida merece atenção da imprensa, além de devidas explicações - que foram dadas.

A fala do deputado não especifica nada concreto, mas os jornais concluíram que já tinham o suficiente para colocar a notícia em primeira página.

Vista a carência fatos na acusação, a notícia não merecia ser a principal informação do dia de dois grandes jornais.

Segundo critérios jornalísticos, é suspeito ver fatos superficiais e acusações vazias ocupando o espaço supremo de dois grandes jornais do Brasil e repercutindo como escândalo na sociedade em época de eleição.

Quem está fazendo campanha, então? 

Se sentiram na obrigação de atacar.

A notícia tem como base o vídeo do deputado petista e as posteriores acusações da oposição. Nada mais.

Os jornais simplesmente aproveitaram uma oportunidade de dar atenção a um tema que afeta um partido politicamente. 

Suas palavras ecoam na sociedade como verdade absoluta. Em época de eleição, os nervos políticos estão a flor da pele. É fácil acreditar e entrar

Outras “provas” surgiram posteriormente.

Muitas pessoas subiram e compartilharam vídeos em que um carteiro sem crachá entrega material de campanha petista.

Essas imagens poderiam ser uma demonstração de uso eleitoral dos Correios se qualquer um não pudesse vestir uma roupa de carteiro para fazer entrega de propaganda política enquanto um amigo grava o vídeo.

Todas as acusações dos candidatos foram respondidas por Wagner Riberio, presidente dos Correios, mas os jornais de certa forma evitam essas declarações mais profundas. Optam pelos ataques, que ocupam menos espaço e tem melhores resultados políticos.

Informações mais detalhadas sobre o uso da maquinaria estatal podem ser encontradas, mas como contraponto, em meios de comunicação progressistas  como este - ou este.
  
Se não fosse a Internet, essas informações nunca chegariam aos cidadãos.

Além de induzir o leitor - e o eleitor - a acreditar em fatos não comprovados, mostrando somente acusações, um dos problemas de valorizar notícias sem fundamento é que outros fatos dignos de primeira página são  deixados em segundo plano.

Um exemplo: Marina Silva afirmou que iria pessoalmente falar com o PSDB para uma possível aliança no segundo turno.

Comparando os dois fatos segundo os critérios de seleção de notícias, essa declaração da candidata do PSB interessa mais ao público que acusações carentes de fundamento.

A possível aliança Marina-PSDB no segundo turno significa um novo rumo das eleições.

Para os cidadãos, é aconselhável conhecer os apoios que a candidata vai buscar num eventual segundo turno, assim como merecem saber como Aécio vai combater o PT caso fique da disputa do dia 26 de outubro.

Essa notícia, porém, não gerou repercussão não oferecer material que incrimine o PT nas vésperas de eleições.

O pedido de cassação que o PSDB realizou no TSE, por outro lado, é a cereja do bolo que a imprensa estava buscando nessa reta final de eleição.

Então a Grande Imprensa aproveita a atualidade do assunto e da a máxima visibilidade à notícia.

Retro alimentando as acusações da oposição nos diversos noticiários dos muitos meios de comunicação dos conglomerados da Grande Imprensa, consegue manter o tema na agenda.

Quem perde com isso é o cidadão que se informa exclusivamente através dessas meias-verdades típicas de atores políticos interessados.

Sem ter informações de diferentes meios de comunicação, acredita incondicionalmente na versão da Grande Mídia. Dessa forma fica cego por suas próprias convicções políticas e pela falta de acesso à informação plural.

Por isso que, para chegar à verdade dos fatos, é necessário consultar publicações de diferentes pontos de vista políticos.

O destaque de certas informações em detrimento de outras é a forma mais simples de manipulação na Mídia.

Engana e induz o pensamento.

Somente a leitura de diferentes canais ideológicos de informação possibilita a imunidade que o cidadão precisa para não sofrer lavagem cerebral.

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