Foco na Mídia

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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Xico Sá se demite da Folha por não poder declarar voto

Xico Sá e os tweets publicados no domingo (11/10) / Foto: Brasil 247

O escritor e jornalista Xico Sá pediu demissão da Folha de S. Paulo depois de ser proibido de publicar sua declaração de voto na coluna semanal que tem desde 2011. Segundo Sérgio D’ávila, editor-executivo do jornal, a intenção de Xico "fere a política do meio de comunicação", que aconselha os colunistas a “evitar fazer proselitismo eleitoral em seus textos”.

“Se quiserem podem escrever artigo em que revelam seu voto e defendem candidatura na pág. A3 da Folha. Esta opção foi dada a Xico Sá, que recusou a oferta”, declarou Sérgio em um email enviado ao jornal digital Brasil 247 que confirmava o pedido de demissão.

No domingo (11/10), Xico disparou ataques no Twitter chamando o jornal de “Imprensa burguesa”. Ele também declarou voto em Dilma Rousseff e perguntou “por que não investigar todos”?, em tweets que vem ganhando repercussão nas redes.

A postura da mídia

Depois da confirmação, a notícia e as declarações de Xico rapidamente saíram em diversos meios de comunicação progressistas que costumam fazer contraponto às informações veiculadas na Grande Imprensa – além, claro da oposição ideológica que existe entre ambos os da mídia.

Os ataques à imprensa conservadora e ao candidato Aécio Neves motivam a exploração do tema por parte dos progressistas e a imprensa alternativa vai fazer o possível para manter o assunto em pauta para afetar a credibilidade do grande jornal conservador.

Por outro lado, a postura da Folha é, no mínimo, contraditória.

O “proselitismo” nas colunas semanais do jornal paulista é algo visível em diversos textos de muitos colunistas. Não declaram voto diretamente, pelo visto graças à uma política pouco transparente do jornal, mas colunistas como Gregório Duduvier ou Reinaldo Azevedo semanalmente fazem textos recheados de referências partidárias e eleitorais.

Hoje mesmo Gregório praticamente declarou voto em Dilma. Não disse literalmente, mas sim excluindo os motivos para votar em Aécio.

A política do da Folha não permite a declaração de voto explícita para não afetar a credibilidade criada pelo apartidarismo artificial e irreal. A Folha vem buscando essa neutralidade através de ataques aos dois lados, uma tentativa de imparcialidade que, no fundo, não passa de parcialidade alternada.

Essa postura do jornal surge quando a neutralidade é confundida com a publicação alternada de matérias negativas.

Obviamente essa prática diminuiu no segundo turno, pois as matérias negativas tem praticamente só o PT como prejudicado.

Mas por esse medo de perder credibilidade, a Folha opta por não ser transparente com seus leitores. Com isso, alguns deles acreditam na fantasiosa preferência “petista” do jornal, principalmente depois de ler colunas como a que Xico Sá publicaria hoje.

As intenções do jornal conservador podem não ser ruins, pois apontam para a tão sonhada objetividade total, porém, a declaração de apartidarismo para alguns cidadãos é receita para conclusões equivocadas da realidade. É uma distorção, uma manipulação limitada do que realmente acontece.

Xico Sá não foi o primeiro e não será o último a abandonar um meio de comunicação da Grande Imprensa por questões ideológicas. Ele “se uniu” ao grupo de Azenha e Rodrigo Vianna e é mais um a ser expulso por divergências políticas com os conservadores “apartidários”.

Só essa circunstância já mostra que a Grande Imprensa tem postura clara e que a mesma é neoliberal. Afinal de contas, dificilmente aparece algum tucano expulso por motivos ideológicos dos principais jornais do país.


Muito pelo contrário. Estão lá e ganham muito bem para falar o que os poderosos querem dizer e ouvir.

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