Foco na Mídia

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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Cortar publicidade governamental da Veja é um tiro no pé

Foto da Plataforma "Muda Mais", da campanha de Dilma Rousseff



Segundo o blog Conversa Afiada, o Governo Federal cortou a publicidade dirigida à revista Veja, o que significa menos recursos para a principal revista da Editora Abril.

A notícia ainda não foi confirmada por outras fontes e o texto publicado no blog de Paulo Henrique Amorim não deixa claro qual tipo de publicidade – a oficial, que serve para programas e campanhas sociais do Governo Federal, ou a estatal, que provém de empresas públicas como a Petrobrás ou a Caixa Econômica Federal – foi cortada, mas a informação já agradou setores da esquerda.

Mesmo sem a confirmação da notícia, a lógica do Governo é simples: por que dar dinheiro público a quem faz oposição sistemática, constante e desleal?

Os grandes conglomerados de mídia recebem milhões de reais em publicidade oficial – sendo as Organizações Globo a empresa mais beneficiada.

Sendo assim, o senso comum - e razoavelmente egocêntrico - da esquerda diz que o ideal é “não ajudar quem não te ajuda”; o que torna compreensível a suspensão de publicidade da revista Veja, reconhecida por sua incondicional oposição a qualquer pauta progressista.

Porém, politicamente, a decisão é um tiro no pé.

O corte de publicidade tapa o sol com peneira e ainda atrapalha o avanço de reformas profundas no setor de mídia que são necessárias para o fortalecimento da Democracia brasileira.

É aconselhável lembrar que a sociedade está completamente polarizada e metade dela continua indignada com o PT.

A regularização econômica da imprensa poderia ser comprometida nesse ato que, caso confirmado, seria uma forte arma política para a oposição.

Ao cortar a publicidade oficial da revista Veja depois da gritante oposição entre essas duas forças políticas do país, o governo de Dilma Rousseff deixa claro que atua por motivos políticos, pois não há dados ou razões econômicas que sirvam de argumento para a suspensão de publicidade.

E ao atuar baseado em causas políticas, o Governo Federal dá tudo que a oposição precisa para sustentar a fantasiosa teoria de que o PT pouco a pouco implanta uma Ditadura Comunista no Brasil.

A simples imaginação dessa ideia já gera indignação em muita gente. Com a notícia de que o PT cortou a publicidade da Veja, a oposição dará um chilique, pois já imagina que o Governo Federal só ajuda quem é “companheiro”.

Com isso, o cidadão liberal, conservador ou direitista ficaria indignado ao saber que seu dinheiro foi recusado a certas empresas “honestas” para ser gasto com jornalistas ideologicamente simpáticos ao Governo.

E a Grande Imprensa fará questão de induzir sua audiência a acreditar nessa ideia.

Claro que a Direita ignora o fato de que os cofres da Editora Abril, do Grupo Folha e do Grupo Estado sejam mensalmente enchidos de dinheiro público do Governo do Estado de São Paulo, que recentemente renovou milhares de assinaturas de publicações dos conglomerados, dirigidas a escolas públicas do Estado.

Porém, a questão seria minimizada justamente por quem se beneficia dessa ajuda econômica que, assim como essa medida do PT, provém de causas políticas.

Portanto, cortar a publicidade da revista Veja na situação atual é um erro.

Politicamente, seria mais aproveitável diminuir os gastos com os conglomerados conservadores gradativamente enquanto se aumenta a publicidade dirigida à imprensa alternativa – postura que, aliás, começou com o Governo Lula.

Essa conduta é menos explícita, fortalece o apoio à Democratização da Mídia e não oferece armamento político à oposição.

Por outro lado, se realmente houver corte de publicidade dirigida à revista Veja, o Partido dos Trabalhadores perde credibilidade junto com os argumentos a favor da Democratização da Mídia, que é a mãe das reformas do setor.

Como alguém vai acreditar em democratização da mídia se o Governo Federal não aceita a cobertura de uma revista que - para metade da população - é jornalística, crítica e independente?

O PT definiu a regularização econômica da mídia como uma prioridade para 2015. Para fazer a prioridade virar realidade, é preciso planejamento, frieza e fortes argumentos.

O corte da publicidade é um argumento, mas seria usado pela oposição.


Mesmo que a informação não seja real, ainda é preciso cuidado para tratar o tema da Democratização da Mídia sem transmitir a sensação de conto do vigário, que é exatamente o que a Grande Mídia espera para poder falar de censura, bolivarianismo e Venezuela.

Todo cuidado é pouco nesse tema.

3 comentários:

  1. A meu ver, o mais importante seria um boicote aos anunciantes que sustentam panfletos golpistas.

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  2. para pessoas que nem saíram das fraldas .. para tomar a emissora de são Paulo foi feito isso ..a emissora quebrou e a globo tomou o prédio

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  3. Sem cortes e censura na mídia , a mídia deve ser livre para expor as informações e não controlada

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