A manifestação pelo
Impeachment a Dilma e as prisões de executivos na Operação Lava Jato, que investiga
os casos de corrupção na Petrobrás, dividem a sociedade e a mídia.
Como sempre, a divisão básica
acontece entre Direita e Esquerda.
Enquanto a Grande Mídia, que
representa o espectro conservador da imprensa, aproveita os pedidos de Impeachment
e o avanço nas investigações na Petrobrás para desgastar o PT politicamente e
dessa forma, ter mais influência nos rumos econômicos do país; a Imprensa
Progressista interpreta o momento atual como um avanço na luta contra a
impunidade e um momento que justifica a Reforma Política.
Ou seja, divisão absoluta
nas interpretações e desejos.
Um lado usa os pedidos de Impeachment para justificar medidas neoliberais na economia, e o outro
fortalece o discurso contra a impunidade e para fortalecer a Reforma
Política que está na agenda desde o final do segundo turno.
Promover a implantação de
políticas de austeridade é atualmente a principal pauta dos conglomerados de imprensa.
O país vive um momento que
precede a escolha do Ministro da Fazenda, decisão que apontará os rumos
econômicos do país nos próximos anos. Os conglomerados de mídia conhecem o peso
dessa decisão e farão o possível para influir na escolha.
Assim sendo, aproveitam o
desgaste político do Governo com a Operação Lava Jato e com os pedidos de
Impeachment para enfraquecer uma nomeação mais à esquerda na pasta.
Destacam a participação de partidos da base aliada no
escândalo da Petrobrás e falam em crime de responsabilidade de Lula e
Dilma no escândalo, como fez o Estadão em editorial desse domingo (16/11).
A Imprensa Progressista faz algo
parecido, mas com outro foco.
Além de proteger a imagem do
PT, argumentando que o país “nunca prendeu poderosos como hoje”; a esquerda
midiática prefere destacar a ideia de que o escândalo da Petrobrás envolve todo
sistema político, deixando claro que ele não é exclusivo dos partidos da base
aliada.
Essa ideia provém do fato de
que as construtoras investigadas na Operação Lava Jato estão entre as
principais doadoras de campanhas de todos os partidos.
Ou seja, a imprensa progressista
tem quase certeza de que as próximas revelações envolverão praticamente todas as
legendas do Congresso, o que seria interpretado como um problema sistêmico,
exigindo uma Reforma Política - e não um Impeachment.
Com essa postura, a os meios
de comunicação progressistas evitam maiores desgastes na imagem da Presidenta e
preparam o terreno para uma reforma profunda no sistema político brasileiro.
É possível concluir que sem
a existência da Imprensa Progressista, Dilma teria reais possibilidades de
sofrer um Impeachment nesse momento, pois essa demanda existe em grande medida
em setores conservadores: Judiciário, MP, Mídia e na própria sociedade.
Suposições a parte, o
momento atual é transitório: tudo depende da revelação dos nomes de políticos
envolvidos nos escândalos de corrupção da Petrobrás.
Os envolvidos desconhecidos da
investigação, que são os políticos, determinarão a futura postura de cada partido
ou setor de mídia. Por isso hoje todos atuam com certa cautela.
Se a investigação envolver
somente os partidos da base governista, a ideia de Impeachment será reforçada
junto com as políticas neoliberais na economia, pois o Governo já estará
desgastado politicamente e não se atreverá a comprar maiores brigas com a
oposição.
Por outro lado, se for um
escândalo que envolve muitos partidos, a Reforma Política ganhará mais força
que nunca.
Mas, hoje, qualquer ataque
exacerbado pode significar maiores perdas políticas no futuro, então todos eles
são muito bem calculados.
É questão estratégica. Todos
têm muito a perder, pois a hipocrisia às vezes cobra um preço caro na Política.
Quando a operação Lava Jato
avançar mais um pouco será hora de definir a estratégia. Agora o país vive um
momento de preparo – para Impeachment, neoliberalismo ou Reforma Política.
Só o futuro dirá o que
acontece.
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